No Auto de Mofina Mendes fala-se dos mistérios da Anunciação e do Natal, onde a natureza sagrada é realçada pelo contraste com o episódio da plebeia Mofina Mendes, é um auto pastoral, que é geralmente representado no Natal, e inspirado pela observação directa dos costumes, da linguagem e do folclore populares. O prólogo recai nas mãos de um Frade, que inicía um sermão de carácter jocoso. Este sermão (num latim macarrónico) tem, apesar do toque humorístico vários objectivos: contrastar a gravidade religiosa do Mistérios, aludir à incapicidade de se decifrar os enigmas da Natureza, colocar as questões do livre- arbítrio e de predestinação, afirmando que a insensatez humana reside no esquecimento das virtudes cristãs. De facto, o discurso não é uma simples crítica contra os pregadores de então, ou sátira da escolástica medieval.